ÔmegaBotz, nossa equipe de robótica da faculdade (FACENS, Brasil), foi à Brasília na Campus Party Brasília 2017 a fim de participar da Hockey Party, uma competição de HOCKEY de robôs rádio controlados (fomos convidados pela RoboCore). De início, saberíamos que não seria nada fácil, pois tínhamos pela frente mais 7 equipes, que atualmente são as melhores do país, inclusive a atual campeã mundial, Tróia (da UFLA, Brasil), a já campeã mundial Ua!rrior (UNIFEI, Brasil) e a ThundeRatz (POLI USP, Brasil). Foram longas 26 horas de viagem, da nossa cidade de origem até lá. Equipes juntas no ônibus, viagem um tanto quanto cansativa, porém nos serviu para fazermos amizades, debatermos ideias e trocarmos experiências antes mesmo de estarmos na competição. Quando chegamos, aproveitamos o primeiro dia para arrumar os robôs (que também tiveram uma longa viagem, porém dentro de caixas de plástico), colocar os patrocinadores adesivados neles, dentre outras manutenções, para não perdermos tempo fazendo isso no dia seguinte, mas sim treinando. Ao início do dia seguinte, tivemos uma surpresa: nossos robôs não estavam segurando as pancadas, que eram MUITO fortes, e estavam abrindo suas carcaças no meio da partida. Eis que o problema surgiu, e não tínhamos nada em mente. Seria aquilo nosso maior oponente? Seria ali o fim da competição para nós? Aí foi que apareceu a famosa e vitoriosa SILVER TAPE. Uma simples fita, porém, não tão simples... começamos a primeira partida, e enquanto todos os robôs tinham suas estruturas parafusadas, todos muito bem compactados, nós estávamos apostando em um pouco de fita e alguns parafusos que nos restaram, pois não tínhamos tempo nem materiais suficientes para arrumar os 4 robôs. E FUNCIONOU! Das 7 partidas que disputamos, perdemos apenas uma, para a atual campeã mundial (o que para nós, já era mais do que certo, falando bem a verdade). Fechamos a primeira fase em segundo lugar, atrás apenas desta equipe. Vencemos os outros jogos, porém não foram fáceis; a cada partida, trocávamos todas as fitas, apertávamos todos os parafusos, testávamos todas as baterias e rádios (controles), para evitar que qualquer outra coisa nos atrapalhasse além do problema que já tínhamos. Ao terceiro dia de competição tínhamos apenas uma missão: JOGAR CADA JOGO, COMO SE FOSSE O ÚLTIMO! Estávamos nas semifinais, algo que para nós já era uma vitória. Nossa semifinal era contra o terceiro colocado, SEMEAR (USP São Carlos, Brasil), que por mais irônico que pareça, foi a equipe que nos emprestou tudo o que tinham de SILVER TAPE para que pudéssemos continuar competindo. Foi um jogo difícil, saímos perdendo de 6x3, num jogo que dura 5 minutos. Faltando 40 segundos para o fim da partida, conseguimos nosso gol de número 4. Aquilo nos motivou, e nos deu um pingo de força. 15 segundos depois, fizemos nosso gol de número 5. Faltava apenas um, UM! Será que conseguiríamos o empate, com apenas 25 segundos de jogo, com as mãos suando, trêmulas? Posicionamos nossos robôs, eles os deles... demos início aos nossos 25 segundos finais, nossos últimos segundos para provar que podíamos sim ser mais do que nós mesmo esperávamos. E faltando 1 segundo para o fim do jogo, EMPATAMOS. Aquilo foi o ápice de felicidade, porém sabíamos que ainda tínhamos mais uma missão: fazer o gol de desempate, o famoso “gol de ouro”, que dá a vitória à quem fizer gol primeiro. O disco foi arremessado na arena, e nossas cabeças apenas ouviam os sons dos motores, agitados, e das pancadas, a fim de evitar um gol deles, e empurrá-los para nosso campo de ataque. Todos os robôs ficaram incrivelmente presos dentro do gol deles, e o disco, por incrível que pareça, ao lado de todos. Um robô nosso ainda conseguia se mover, e de forma cirúrgica, EM MEIO AO NERVOSISMO, rodas e motores queimando de tanta força por parte dos dois lados, deu ré, pegou o disco, deu a volta nos robôs que estavam “empilhados”, e conseguiu colocá-lo para dentro do gol, de forma tão minuciosa quanto os olhares de quem acompanhava aquilo do lado de fora, apreensivos, emocionados com nossa emoção e empolgação. Sim, estávamos nas finais! Caímos na arena, pulamos, gritamos, mas voltamos ao foco, pois após uma hora, teríamos nosso maior jogo: a FINAL. Não seria fácil, pela pressão, e muito menos ainda por ser contra (novamente) a ATUAL CAMPEÃ MUNDIAL. Já sabíamos que seria “impossível” ganhar deles, estavam invictos há 2 anos e meio, já tínhamos perdido para eles um dia antes (e foi humilhante), o que só serviu para nos deixar mais nervosos ainda. Contávamos com o segundo lugar, só não contávamos com uma coisa: ESTRATÉGIA! Eles tinham os robôs mais fortes, mais rápidos, que aos olhos de todos, já eram campeões. Porém, ninguém via que nós tínhamos os robôs mais persistentes, que mesmo com fita, conseguiram bater outas 7 equipes. Tínhamos estratégias adotadas para superar nossos obstáculos mecânicos, para que conseguíssemos continuar na competição. Eis que chega o momento da partida. O que fazer? Não sei, não sabemos, ninguém sabia... apenas concentrar no jogo, e manter a paciência (o que modéstia parte, era impossível). Começou! Sabe aqueles robôs com fita? Pois é, eles venceram! Foi difícil? FOI! Mas não foi impossível, como imaginávamos! 11x10 foi o placar, que para uma final, foi emocionante demais. Estávamos perdendo de 10x9 quando o jogo faltava 37 segundos para terminar. Eles só precisavam segurar o disco, e levar a taça. Porém não contavam com a nossa persistência, com nossos robôs tão fortes quanto a SILVER TAPE que os segurava, com nossos pilotos (eu e mais dois) que estavam tão focados no disco que nem ouviam as instruções e informações dadas pelo juiz, ao nosso lado. Éramos 3 contra 3, mas que de repente começamos a ouvir gritos da parte externa, onde toda aquela multidão nos dava forças, nos empurrava junto aos robôs para dentro do gol. E sim, saiu o gol de empate! Novamente, o sangue subiu, a cabeça explodiu, mas ainda restavam 37 segundos de jogo, suficientes tanto para fazer um gol quanto levar. O que aconteceu? Não sei dizer, pois aos 18 segundos nós fizemos o gol mais inesperado de todos, e todo mundo explodiu de alegria. Era tamanha felicidade, que não tinha reação, mas ainda tinham 18 segundos de jogo, que poderiam mudar tudo. Lembra da ESTRATÉGIA? Pois é, ao ser lançado o disco na arena, a única reação que tivemos foi prendê-lo à parede da arena, e esperar o tempo acabar. Era robô batendo em robô, parecia um massacre, motores esquentando, rodas queimando no piso da arena, mas o disco estava ali, longe do nosso gol. Começamos a ouvir a contagem regressiva (“sete, seis, cinco, quatro...”), e ali, naquele momento, olhei para meus colegas de equipe, e o sorriso na cara de todos era impagável, algo que nada tiraria. Aquela multidão gritando, e eu com o dedo no botão, ainda acelerando meu robô para que o disco não se movesse, assim como os outros dois. “Dois, um, acaboooou...”, e isso nos encheu de alegria, nos fez as pessoas mais felizes ali, naquele lugar, naquele estado, que tão longe de casa, depois de tanto apanhar, batalhar, conseguiram provar que ainda há chances, mesmo que mínimas! Tínhamos não só vencido uma competição, mas também a MELHOR EQUIPE DO MUNDO, que não perdia há dois anos e meio. Quem diria que isso seria possível? Foi um jogo e tanto, o que nos encheu de orgulho. Estamos indo embora, mas a cabeça ainda continua lá. Lucas Ponsoni, Felipe Gustavo e Pablo Santiago, meus parceiros de pilotagem e equipe, muito obrigado! O que fizemos foi incrível, e ficará marcado na história do ÔmegaBotz! Portanto, que fique de lição para todos, assim como ficou para nós... não se deixe levar por emoções, não julgue-se inferior à algo ou alguém, você pode mostrar o quão forte é, basta ter vontade! Isso que aprendemos hoje lá, levaremos para o resto de nossas vidas. Por: Lucas Piovani Carneiro (piloto da equipe ÔmegaBotz) Publicado por: KSC International Academy
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