Executar um percurso de obstáculos na Terra é relativamente fácil. Já executar um percurso de obstáculos na Terra após passar seis meses no espaço não é muito simples. Quanto mais tempo um astronauta passa no espaço, mais difícil é para seu cérebro se readaptar a gravidade terrestre. Depois de viver a bordo da Estação Espacial Internacional, por um determinado tempo, astronautas retornam à Terra exibindo distúrbios no controle do equilíbrio, fraqueza nos músculos e descondicionamento cardíaco. O programa de Pesquisas Humanas da NASA está focando em identificar os fatores que contribuem para o declínio do desempenho para ajudar na preparação da Jornada para Marte. É possível que demore mais ou menos seis meses para chegar em Marte, e quando a tripulação retornar para a gravidade no Planeta Vermelho, eles terão que pousar a espaçonave com segurança enquanto passam por possíveis problemas de desempenho físico. Pesquisadores estão trabalhando para resolver esse problema, assim os membros da tripulação poderão aterrissar e então ficar em pé na superfície de Marte. O estudo, analisando os distúrbios do controle de equilíbrio causado por transições gravitacionais (g), foi recentemente concluído por Jacob Bloomberg, cientista sênior de pesquisa da NASA. Blommberg e sua equipe avaliaram os testes dos indivíduos que sofreram uma descarga corporal, ou não moveram seu próprio peso, após retornar das missões do ônibus espaciais, expedições da Estação Espacial ou estudos de repouso superiores a 70 dias. Para testar o quanto o descarregamento do corpo afeta o equilíbrio e a estabilidade, Bloomberg e sua equipe desenvolveram o Teste de Tarefa Funcional (TTF), o qual identifica missões e tarefas críticas que podem impactar o movimento e o desenvolvimento dos astronautas imediatamente após as transições gravitacionais. O TTF consiste em sete testes fisiológicos e funcionais. "Esses testes são orientadores para a operação e estão relacionados aos diferentes aspectos da missão e atividades que um astronauta precisará fazer depois que aterrissar na superfície de Marte" disse Bloomberg. Juntamente com danos no controle do equilíbrio, apresenta-se problemas de coordenação entre as mãos e os olhos (visão), perda da estabilidade postural ou firmeza, e problemas de percepção. Falta de movimentação às vezes também é um problema. Depois de aterrissar, esses danos podem tornar difícil a iniciação das operações necessárias, tais como andar da nave até seu hábitat. Para a conclusão do estudo de repouso, foi pedido para que os indivíduos realizassem o TTF. Pesquisadores descobriram que as funções do TTF que envolviam estabilidade na postura foram as mais difíceis para os participantes. Esses resultados nos ajudam a entender que astronautas, sem contramedida ou treino de equilíbrio, podem ter dificuldade na manutenção do equilíbrio quando pousarem em Marte (que possui 62% a menos do que a gravidade terrestre). A equipe está estudando uma contramedida para os problemas de equilíbrio depois do pouso. As contramedidas são feitas antes e durante o voo, e o objetivo desse treino é ajudar a “treinar o cérebro a tornar-se mais adaptável” disse Bloomberg. O TTF também tem benefícios na Terra. Esses testes podem beneficiar os idosos que geralmente tem dificuldades para ficar em pé ou andar após ficar na cama por alguns dias, ao melhorar seu controle de equilíbrio. Pacientes acamados, pessoas que estão se recuperando de doenças ou alguém que tem mobilidade limitada, apresentaram diferenças físicas como as relatadas pelos membros da tripulação. Entender quanto tempo leva a recuperação de alguém que ficou muito tempo em microgravidade também pode beneficiar os pacientes na Terra com programas de intervenções clinicas e reabilitações tendo como objetivo atingir sistemas específicos responsáveis pela redução do desempenho do equilíbrio. Readaptar-se a gravidade após vários meses de viagem espacial e ficar sem peso não é fácil para os astronautas. Usando as ferramentas do treino de pré-voo e durante o voo desenvolvidas por Bloomberg e sua equipe, membros da tripulação na missão para Marte podem transitar suavemente pela gravidade e aterrissar na superfície com segurança. A medida em que a NASA encontra a chave para o treino de equilíbrio, os astronautas serão capazes de aterrissar em Marte e ficar em pé e caminhar através de seus percursos de obstáculos com maior facilidade. O Programa de Pesquisas Humanas da NASA permite a exploração espacial, além da baixa órbita terrestre reduzindo os riscos de desempenho e saúde humana através de um programa com foco nas pesquisas básicas, operacionais e aplicadas. Isso conduz ao desenvolvimento de saúde humana, desempenho e habilidade padrão, contra-medidas e soluções de atenuação de riscos, e habitabilidades avançadas bem como tecnologias de suporte médico para um mundo mais compatível onde quer que nós explorarmos. Por: Monica Edwards / Kelsey Legard / Laurie Abadie ( NASA Human Research Engagement & Communications ) Traduzido por: Caroline Medeiros Carminatti ( Junior Bilingual Correspondent )
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